2003. Após o bem sucedido
Mundial da Coreia do Sul e do Japão, a Fifa já tinha a Alemanha adiantada para
2006 e vislumbrava uma sede africana para 2010. Com Ásia, Europa e África
estando representadas recentemente e a Oceania não sendo exatamente uma terra
em que o futebol levante multidões, não restavam dúvidas: a Copa do Mundo de
2014 seria na América.
Logo, Argentina, Colômbia e Brasil se interessaram no
maior evento esportivo do planeta. Mas crises internas acabaram limando os
outros dois concorrentes do caminho... E a força política do então presidente
Lula, que depois ajudaria ainda a trazer a Olimpíada de 2016 ao país, pesou.
Logo após o titulo italiano na Alemanha, a Conmebol optou de forma unânime pela
adoção do Brasil como candidato da região. A partir daí, começou uma série de
visitas dos técnicos da instituição para análise do hoje tão comentado padrão
Fifa. Antes do anúncio oficial, até mesmo o presidente da entidade, Joseph
Blatter, deu uma passadinha em nossas arenas.
2007. 30 de outubro. Em Zurique, o conselho de Fifa se reunia para análise da apresentação e consequente ratificação da candidatura brazuca. Deu certo. Diante de uma plateia repleta de ministros, atletas tupiniquins, incluindo o baixinho Romário (que hoje tanto critica o Mundial) e até mesmo do escritor Paulo Coelho, Sepp Blatter disse o que todos esperavam. E observou que o país conquistava não somente um “direito”, como também uma “responsabilidade”. Mas poucos ligaram para isso no momento e a empolgação dominou o país, que acompanhou a reunião da Fifa ao vivo através da TV Globo, parceira da organização. Também foram exibidas imagens de um bandeirão estendido nos braços do Cristo Redentor e até a tradicional estátua de Juscelino Kubitschek em Brasília foi vestida com uma camisa da Seleção.
Mas esse foi o ponto de
largada somente para o começo de uma nova disputa. A partir daí, as cidades
brasileiras duelaram pelo posto de sedes do Mundial. 21 capitais (de 27) se
candidataram e a cidade de Campinas (interior de SP) também entrou no páreo. O
município foi descartado de cara pelos primeiros técnicos da Fifa, assim como
João Pessoa e Teresina. Mesmo assim, a demanda ainda era muito alta para o
padrão de entre 8 e 10 sedes. A solução? O Brasil solicitou e a Fifa permitiu
que a nação de dimensões continentes tivesse 12 cidades recebendo alguns dos 64
jogos da Copa. Somente em 31 de maio de 2009, uma nova reunião da Fifa decidiu
quais seriam as sedes, que seguem em ordem alfabética: Belo Horizonte,
Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio
de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Um tempo precioso já havia
sido perdido nesse caminho, porém as brigas não cessaram aí. São Paulo, por
exemplo, viu um duelo acirrado entre dirigentes de seus clubes. O Corinthians
acabou vendendo a queda de braço e terá a abertura do Mundial em sua arena. A
final será no Maracanã, que empatará com o mexicano estádio Azteca como único a
receber 2 finais de Copa do Mundo.
Belo Horizonte também teve
reformado o seu Mineirão, assim como o Mané Garrincha em Brasília, a Arena da
Baixada em Curitiba, o Castelão em Fortaleza, o Beira-Rio em Porto Alegre e a
Fonte Nova em Salvador. Já outras sedes, como Cuiabá (arena Pantanal), Manaus
(arena Amazônia), Natal (arena das Dunas), Recife (arena Pernambuco) e São
Paulo (a única com nome a definir) ganharam estádios novinhos, seja por
demolição dos antigos ou simplesmente a construção do novo em outra área. O
boom despertado pelo Mundial também gerou investimentos até nos gramados que
ficarão de fora do evento, como a arena do Grêmio ou o novo Palestra do
Palmeiras.
Todas as cidades citadas
anteriormente também recebem obras municipais, estaduais e federais para
melhoria de suas mobilidades, por exemplo. Mas a situação que igualmente se
repete é que as obras concluídas até junho não serão todas as previstas nos
projetos originais. Como justificativa para os gastos bilionários, o então
presidente da CBF quando o Brasil foi anunciado como sede, Ricardo Teixeira,
explicou que “a Copa do Mundo vai muito além de um evento esportivo”.
Muito além de 20 centavos e
de um evento esportivo foram algumas das bandeiras da série de manifestações
que atingiu o país durante a Copa das Confederações. O tema chegou a tomar 25%
da rede nacional da presidente Dilma Rousseff realizada em 21/6, 1 dia após o
maior registro de mobilização popular nas manifestações, que por muitas vezes
tentaram chegar aos estádios, porém sem sucesso, graças a zona de exclusão
estabelecida pela Fifa para facilitar o acesso dos torcedores e que já havia
sido adotada em diversas competições anteriores.
Mesmo após as manifestações,
pesquisa do Datafolha divulgada em 29/6 mostra que 65% dos brasileiros são a
favor da realização da Copa do Mundo e a maioria deles aponta o legado como
mais positivo do que negativo. O envolvimento popular com o Mundial também
esteve presente nas escolhas através de enquetes do nome da bola da Copa
(Brazuca substituirá a lendária Jabulani) e do mascote (Fuleco desbancou Zuzeco
e Amijubi).
Os números de venda de
ingressos também impressionam. Foram 6 milhões e 800 mil pedidos somente na
primeira fase. A África do Sul não havia chegado aos 2 milhões nesse ponto.
Também já há outras
definições estabelecidas sobre a Copa, como a música-tema na voz de Ricky
Martin e os cabeças de chave sendo Brasil, Espanha, Alemanha, Argentina,
Colômbia, Bélgica, Uruguai (ou Holanda, caso os sulamericanos sejam superados
pela Jordânia na repescagem) e Bélgica.
Estão classificadas ainda as
equipes de Colômbia, Chile e Equador (América do Sul), Itália, Suíça, Bósnia e
Inglaterra (Europa), Estados Unidos, Costa Rica e Honduras (América Central e
do Norte), Nigéria e Costa do Marfim (África) e Irã, Coreia do Sul, Japão e
Austrália [a equipe da Oceania prefere disputar as eliminatórias asiáticas para
ter adversários mais fortes] (Ásia). A Oceania, com a Nova Zelândia, disputa
uma vaga na repescagem mundial, em que confronta com o México. A Europa tem
repescagem própria e promete os duelos entre Portugal de Cristiano Ronaldo e a
Suécia de Ibrahimovic, assim como Ucrânia x França, Croácia x Islândia e Grécia
x Romênia. A África tem Tunísia x Camarões, Gana x Egito e Burkina Faso x
Argélia como seus jogos que ainda podem render uma vaga no Brasil.
O sorteio que define os
grupos do Mundial ocorre em 6 de dezembro na Costa do Sauípe. Por ser sede, o
Brasil está automaticamente no grupo A e terá a companhia de uma equipe
africana, outra da América Central/do Norte e mais uma europeia.
Após essa definição das
chaves, será a hora de todos esperarem o apito inicial que soará por volta das
16h de 12/6/2014 em Itaquera. E assim começará a segunda Copa do Mundo
realizada no Brasil (a primeira foi em 1950) e a vigésima da história, que
começou em 1930 e foi interrompida somente pela II Guerra Mundial.
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