quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Copa do Mundo é nossa! Será que vale a pena?

2003. Após o bem sucedido Mundial da Coreia do Sul e do Japão, a Fifa já tinha a Alemanha adiantada para 2006 e vislumbrava uma sede africana para 2010. Com Ásia, Europa e África estando representadas recentemente e a Oceania não sendo exatamente uma terra em que o futebol levante multidões, não restavam dúvidas: a Copa do Mundo de 2014 seria na América. 

Logo, Argentina, Colômbia e Brasil se interessaram no maior evento esportivo do planeta. Mas crises internas acabaram limando os outros dois concorrentes do caminho... E a força política do então presidente Lula, que depois ajudaria ainda a trazer a Olimpíada de 2016 ao país, pesou. Logo após o titulo italiano na Alemanha, a Conmebol optou de forma unânime pela adoção do Brasil como candidato da região. A partir daí, começou uma série de visitas dos técnicos da instituição para análise do hoje tão comentado padrão Fifa. Antes do anúncio oficial, até mesmo o presidente da entidade, Joseph Blatter, deu uma passadinha em nossas arenas.


2007. 30 de outubro. Em Zurique, o conselho de Fifa se reunia para análise da apresentação e consequente ratificação da candidatura brazuca. Deu certo. Diante de uma plateia repleta de ministros, atletas tupiniquins, incluindo o baixinho Romário (que hoje tanto critica o Mundial) e até mesmo do escritor Paulo Coelho, Sepp Blatter disse o que todos esperavam. E observou que o país conquistava não somente um “direito”, como também uma “responsabilidade”. Mas poucos ligaram para isso no momento e a empolgação dominou o país, que acompanhou a reunião da Fifa ao vivo através da TV Globo, parceira da organização. Também foram exibidas imagens de um bandeirão estendido nos braços do Cristo Redentor e até a tradicional estátua de Juscelino Kubitschek em Brasília foi vestida com uma camisa da Seleção.

Mas esse foi o ponto de largada somente para o começo de uma nova disputa. A partir daí, as cidades brasileiras duelaram pelo posto de sedes do Mundial. 21 capitais (de 27) se candidataram e a cidade de Campinas (interior de SP) também entrou no páreo. O município foi descartado de cara pelos primeiros técnicos da Fifa, assim como João Pessoa e Teresina. Mesmo assim, a demanda ainda era muito alta para o padrão de entre 8 e 10 sedes. A solução? O Brasil solicitou e a Fifa permitiu que a nação de dimensões continentes tivesse 12 cidades recebendo alguns dos 64 jogos da Copa. Somente em 31 de maio de 2009, uma nova reunião da Fifa decidiu quais seriam as sedes, que seguem em ordem alfabética: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Um tempo precioso já havia sido perdido nesse caminho, porém as brigas não cessaram aí. São Paulo, por exemplo, viu um duelo acirrado entre dirigentes de seus clubes. O Corinthians acabou vendendo a queda de braço e terá a abertura do Mundial em sua arena. A final será no Maracanã, que empatará com o mexicano estádio Azteca como único a receber 2 finais de Copa do Mundo.

Belo Horizonte também teve reformado o seu Mineirão, assim como o Mané Garrincha em Brasília, a Arena da Baixada em Curitiba, o Castelão em Fortaleza, o Beira-Rio em Porto Alegre e a Fonte Nova em Salvador. Já outras sedes, como Cuiabá (arena Pantanal), Manaus (arena Amazônia), Natal (arena das Dunas), Recife (arena Pernambuco) e São Paulo (a única com nome a definir) ganharam estádios novinhos, seja por demolição dos antigos ou simplesmente a construção do novo em outra área. O boom despertado pelo Mundial também gerou investimentos até nos gramados que ficarão de fora do evento, como a arena do Grêmio ou o novo Palestra do Palmeiras.

Todas as cidades citadas anteriormente também recebem obras municipais, estaduais e federais para melhoria de suas mobilidades, por exemplo. Mas a situação que igualmente se repete é que as obras concluídas até junho não serão todas as previstas nos projetos originais. Como justificativa para os gastos bilionários, o então presidente da CBF quando o Brasil foi anunciado como sede, Ricardo Teixeira, explicou que “a Copa do Mundo vai muito além de um evento esportivo”.

Muito além de 20 centavos e de um evento esportivo foram algumas das bandeiras da série de manifestações que atingiu o país durante a Copa das Confederações. O tema chegou a tomar 25% da rede nacional da presidente Dilma Rousseff realizada em 21/6, 1 dia após o maior registro de mobilização popular nas manifestações, que por muitas vezes tentaram chegar aos estádios, porém sem sucesso, graças a zona de exclusão estabelecida pela Fifa para facilitar o acesso dos torcedores e que já havia sido adotada em diversas competições anteriores.

Mesmo após as manifestações, pesquisa do Datafolha divulgada em 29/6 mostra que 65% dos brasileiros são a favor da realização da Copa do Mundo e a maioria deles aponta o legado como mais positivo do que negativo. O envolvimento popular com o Mundial também esteve presente nas escolhas através de enquetes do nome da bola da Copa (Brazuca substituirá a lendária Jabulani) e do mascote (Fuleco desbancou Zuzeco e Amijubi).

Os números de venda de ingressos também impressionam. Foram 6 milhões e 800 mil pedidos somente na primeira fase. A África do Sul não havia chegado aos 2 milhões nesse ponto.

Também já há outras definições estabelecidas sobre a Copa, como a música-tema na voz de Ricky Martin e os cabeças de chave sendo Brasil, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Bélgica, Uruguai (ou Holanda, caso os sulamericanos sejam superados pela Jordânia na repescagem) e Bélgica.

Estão classificadas ainda as equipes de Colômbia, Chile e Equador (América do Sul), Itália, Suíça, Bósnia e Inglaterra (Europa), Estados Unidos, Costa Rica e Honduras (América Central e do Norte), Nigéria e Costa do Marfim (África) e Irã, Coreia do Sul, Japão e Austrália [a equipe da Oceania prefere disputar as eliminatórias asiáticas para ter adversários mais fortes] (Ásia). A Oceania, com a Nova Zelândia, disputa uma vaga na repescagem mundial, em que confronta com o México. A Europa tem repescagem própria e promete os duelos entre Portugal de Cristiano Ronaldo e a Suécia de Ibrahimovic, assim como Ucrânia x França, Croácia x Islândia e Grécia x Romênia. A África tem Tunísia x Camarões, Gana x Egito e Burkina Faso x Argélia como seus jogos que ainda podem render uma vaga no Brasil.

O sorteio que define os grupos do Mundial ocorre em 6 de dezembro na Costa do Sauípe. Por ser sede, o Brasil está automaticamente no grupo A e terá a companhia de uma equipe africana, outra da América Central/do Norte e mais uma europeia.

Após essa definição das chaves, será a hora de todos esperarem o apito inicial que soará por volta das 16h de 12/6/2014 em Itaquera. E assim começará a segunda Copa do Mundo realizada no Brasil (a primeira foi em 1950) e a vigésima da história, que começou em 1930 e foi interrompida somente pela II Guerra Mundial. 

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