quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"Pai da Mônica", Mauricio de Sousa abre Cientec 2013 em grande estilo


O vigor pode disfarçar, mas o escritor Mauricio de Sousa já tem 77 anos. E 10 filhos. Uma delas, a que se tornou mais célebre, é Mônica Sousa, que tem atualmente 52 anos na vida real. 2 a mais do que a personagem que ela inspirou e que é o centro do foco da palestra de Mauricio. E foi falando sobre a dentucinha gorducha do bairro do Limoeiro e tantos outros personagens icônicos no imaginário popular que o paulista abriu a XIX Cientec, levando cerca de 5 mil pessoas ao anfiteatro da UFRN nesse 22 de outubro.

Diante da maior plateia recente de sua série de palestras, feito anunciado diante do público e depois repercutido em seu Instagram, Mauricio parecia mais uma das tantas crianças que buscavam seu autógrafo quando se viu diante da multidão. Mas o baque de dezenas de centenas de pessoas não intimidou o consagrado cartunista. Isso por não haver sangue na concha acústica do campus. O empresário confidenciou que uma das suas maiores dificuldades no começo de carreira como jornalista policial era lidar com imagens sangrentas.

Por sorte dele e nossa, após uma primeira tentativa frustrada, seus projetos de tirinhas foram logo aceitos pela Folha da Manhã. Daí para tiragens avassaladoras das suas publicações foi um pulo. E o império permanece até hoje, em grande parte pelo tato do seu líder.

O autor confessou que a criação da Turma da Mônica Jovem, versão teen da já conhecida turminha, veio como percepção de mercado. As crianças largavam os personagens ao entrarem na pré-adolescência simplesmente por os considerarem coisas de crianças.

E Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali podem se preparar para crescerem mais. Uma versão adulta já está nos planos. A ideia é que essas histórias sejam contextualizadas com os fatos mais relevantes que estiverem ocorrendo próximos de suas publicações. O tema foi um dos levantados durante o momento aberto para perguntas. Mas nem todos ganharam respostas completas. Caso de um pequeno fã ao questionar sobre qual seria o melhor plano infalível do Cebolinha. O criador do mais “elado” dos personagens titubeou e prometeu estudar melhor sobre, apesar de já ter dado uma pista: pode ter sido o que rendeu menos coelhadas aos cinco fios de cabelo.

E é assim, sem perder o jeito caipira, evidenciado pela camisa xadrez, mas com os olhos até em um eventual Oscar, plano revelado ao falar sobre os projetos de animação envolvendo o Horácio, que Mauricio de Sousa mostrou que o criador de tantas criaturas adoráveis que permeiam nossas mentes também é adorável. 

Dos mais novos aos até numerosos idosos que estavam presentes, o público que acompanhou a abertura do maior evento cultural do Rio Grande do Norte saiu plenamente satisfeito ao poder descobrir mais sobre o universo dos quadrinhos e agora também das telinhas. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Alterando a hierarquia de valores

A tentativa de re-hierarquizar os valores do auditório vem desde a Antiguidade. E algumas técnicas conhecidas como lugares de argumentação podem auxiliar o orador. Os 6 lugares citados são de quantidade, qualidade, ordem, essência, pessoa e existente.

O lugar de quantidade, obviamente, tenta afirmar o valor de uma coisa sobre a outra utilizando apenas argumentos quantitativos. Essa é até mesmo a premissa do modelo de democracia que aplicamos em nossas eleições, já que para maioria dos cargos vence simplesmente quem tiver mais votos.

Já o lugar de qualidade foca justamente em contrapor a quantidade. É ele que explica as cifras milionárias pagas pelos originais de pinturas famosas que qualquer indivíduo pode copiar facilmente em sua residência por preços módicos.

No lugar de ordem, a vantagem certa é do anterior sobre o posterior. A representação citada por Antonio Suarez Abreu para exemplificar esse lugar é a do pódio olímpico, com o primeiro sendo medalhista de ouro e prevalecendo sobre os demais.

O lugar de essência valoriza indivíduos que possam representar bem uma essência, claro. Ou seja, servem como caracterização de algo. Todo ano é eleita uma Miss Universo justamente para que haja uma representação do que os jurados consideram que é o modelo de mulher mais bonita do mundo naquele contexto.

O lugar de pessoa tenta ligar a superioridade diretamente aos indivíduos. Esse tipo de embate ocorre, por exemplo, durante as eleições, quando os candidatos trocam ofensas pessoais como forma de preverem o que seus opositores fariam em eventuais gestões.

Enfim, todos esses lugares são usados para argumentação. Mas não pense que argumentação é tentar provar algo. A base é tentar convencer o outro. Não fazer com que o outro pense que sua opinião está certa, mas sim com que a sua opinião também se torne a dele. 

sábado, 19 de outubro de 2013

1 ano sem OI OI OI

365 dias se passaram. E não temos mais a repetição antes odiada, mas que se tornou mania nacional graças ao fenômeno que embalava. OI OI OI agora só eventualmente. Jorge veio da Capadócia e Daniel tentou emplacar vida, mas a faixa das 21h não é mais a mesma. Se antes poderiam haver dúvidas sobre os reais méritos de Avenida Brasil ou se o país tinha simplesmente entrado em um êxtase coletivo, hoje elas estão dissipadas. Não é mais somente um país em êxtase. São pelo menos 124 nações já conquistadas por Carminha e Nina. Pelo menos 20 a mais do que a trama brasileira que detinha o recorde anterior (Da Cor do Pecado) . Dentre as diversas nações, a história de Nina e Carminha também se destacou em Portugal, onde virou fenômeno nacional.


E a tendência é que a consagração não pare por aí. O que todo mundo já sabia foi oficializado e a trama está entre as 4 melhores do planeta exibidas no último ano. Agora falta somente um passo para aguardada conquista do Emmy para TV brasileira. E que agora seria realmente justa. Fica a torcida! Depois de detonar em todos os prêmios nacionais, sejam corporativos ou não, só falta trazer mais uma taça de fora! Nós acreditamos!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Olha A Onda (o filme)


A nossa disciplina pode ser Sociologia da Comunicação, mas uma definição mais genérica do filme A Onda e perfeitamente aplicável é a de que ele é uma aula de História. O longa alemão é relativamente recente (2008), mas a profunda discussão sobre fascismo e autocracia remete ao século XX.

Envolvendo os diversos tipos de relacionamento humano, a produção tem personagens típicos de diversos gêneros cinematográficos, porém retratados com uma densidade acima da média. A reflexão despertada mostra que nenhum mundo é imune a propagação de toda sorte de ideias.

Apesar de inspirar alguns, o final sem final decepciona. Após um enredo empolgante e cheio de reviravoltas, o espectador sai frustrado ao não identificar o que Rainer viu. E fica o mistério, já que não houve uma continuação da história. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A classificação do tratado de argumentação

A classificação do Tratado de Argumentação (TA) de Perelmen-Tyteca é a que será utilizada nesse resumo para exposição da forma de se identificarem os argumentos que contribuem para que um discurso se torne persuasivo.

Mas Aristóteles também tinha a sua. Para ele, os argumentos se dividiam entre indutivos (exemplo) e dedutivos (entimema). Porém ele não se aprofunda na relação entre as premissas, que é bem estudada pelo TA.

Fatos, verdades, presunções, valores e lugares do preferível são alguns dos elementos do acordo prévio entre o orador e seu auditório, estejam esses elementos explícitos ou implícitos.

Figuras de escolha, presença e comunhão podem reforçar o estabelecido no acordo prévio, já que influenciam direta ou indiretamente no “espetáculo”.

O TA começa expondo argumentos que considera quase lógicos. Sim, “quase”. Como a própria obra cita, a lei do tudo ou nada não impera no mundo da argumentação.

As contradições e incompatibilidades são alguns dos fatores que podem causar a rejeição de certo argumento, assim como o princípio de identidade e a regra da justiça também causam delimitações, apesar de em menor escala. Longa parte do estudo dessa primeira parte discorre sobre a definição, que é dividida em normativa, descritiva, condensada e oratória.

Numa segunda fase, são priorizados os argumentos fundados na estrutura do real. Sucessão, causalidade, pragmatismo, hierarquização, autoridade e ad hominem são alguns dos citados nessa etapa em que explicar a ideia vale mais do que simplesmente contrapor o oposto.

Em terceiro, vem o que fundamenta essa estrutura do real. É o caso dos argumentos de exemplo, comparação e analogia.

O último tipo citado define os chamados “argumentos por dissociação das noções”, divididos em absurdo, par aparência-realidade, artifício e sinceridade.

domingo, 13 de outubro de 2013

O discurso político de Patrick Charaudeau

Além de uma estratégia do discurso, o ethos muitas vezes é utilizado pelo indivíduo para construção de uma imagem de si mesmo. E os políticos são experts nessa arte.

A semiótica atua fortemente para que possamos interpretar esses gestos. O tom, a velocidade e diversos outros fatores relacionados à voz podem passar para o observador impressões mais profundas sobre seu real estado. Assim como a manipulação treinada dos mesmos fatores acaba enganando quem observa a fala.

Ou seja, pouco do dito no jogo político pode ser levado ao pé da letra, já que as reais intenções são mascaradas na maioria das ocasiões.

Constando sempre que o objetivo com a programação dessas determinadas atitudes é que se culmine com uma mudança de imagem. Bons exemplos podem ser atribuídos ao estilo paz e amor do então candidato Lula na campanha presidencial de 2002 ou das mudanças de visual de Dilma Rousseff pouco antes de deixar  a Casa Civil para se tornar presidenciável.

Com leves e graduais mudanças, ambos alteraram suas imagens diante do imaginário popular, demonstrando um bom uso da formação do ethos pessoal de cada no cenário político. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Romance: a mistura funciona


Com a assinatura seleta de Guel Arraes, que além dele, dirigiu somente outros 4 longas, entre eles o fenômeno O Auto da Compadecida, Romance traz uma história simples, porém com o sempre peculiar olhar do consagrado diretor.

Baseado em Tristão e Isolda, clássico que inspirou Romeu e Julieta, o filme é shakesperiano, porém não ignora a cultura local, retratada nas rimas, por exemplo. Com o clichê de que a vida imita a arte e vice-versa, fez-se um filme que destoa de clichês. Contraditório, mas eficiente.

Poético e com um elenco estrelado que se ajustou ao contexto, incluindo até o “Capitão Nascimento” Wagner Moura, o roteiro afiado sobre o amor cumpre seu papel. Complexo, mas apaixonante, o filme é daqueles que demoram a engrenar, mas quando te prendem, te fazem o colocar em sua lista de melhores. A mistura entre TV, teatro e literatura deu certo nas telonas. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O que faz uma boa argumentação?

Nem todas as perguntas possuem respostas exatas. E nem deveriam ter. Afinal, as ciências humanas estão aí justamente para investigação dessas questões, utilizando fortemente elementos da retórica em suas argumentações. Até mesmo Descartes, que buscava mostrar uma verdade absoluta, precisava de elementos da retórica para convencer aos outros sobre isso.

É preciso constar que a força de uma argumentação varia de acordo com o ambiente. Um pastor certamente terá mais êxito ao fazer sua pregação durante o culto, por exemplo. Essa lógica da aceitação do auditório acaba suprimindo logos, em detrimento de ethos e pathos. E a plateia sempre vai influir, mesmo que de forma contrária. Não há como esperar por um auditório absolutamente imparcial.

Também há diferenças de linguagem entre uma mera demonstração, que pode utilizar termos universais da Física ou da álgebra, diante da argumentação, que tende a fazer uso de elementos que fazem sentido apenas para quem interessa. Diferenças ainda existem diante da própria argumentação, já que a versão oral dela tende a permitir um impacto maior do que a escrita, naturalmente mais padronizada.

Claro, também faz toda a diferença saber quem argumenta. Um diagnóstico de uma doença certamente será mais aceito se vindo de um médico, assim como um jornalista possui mais credibilidade para transmitir uma notícia, sendo esse um importante elemento para verossimilhança que tende a conquistar o auditório.

Mas, afinal, o que será uma boa argumentação? A mais honesta ou a mais convincente? Afinal, as duas nem sempre estão juntas. E os embates entre promotores e advogados em diversos julgamentos provam que pelo menos um dos lados mente ao tentar seduzir o júri.

Esses pensamentos sobre argumentação vem desde a época dos sofistas, que polemizam até hoje com seus entimemas, que quebram a lógica do silogismo ao tentarem a dedução do que não é dedutível por uma regra.

E polêmicas do tipo seguem absolutamente atuais e presentes em nossas vidas, do juiz ao filósofo, passando até pelo matemático que precisa demonstrar a aplicação da regra para um terceiro até então leigo.

Renata Vasconcellos: estreia boa demais para o atual Fantástico


Imagine Sebastian Vettel pilotando um Fusca. Ou Felipão treinando algum time de série D. Pode soar como exagero, mas essa comparação é aplicável quando falamos sobre a presença de Renata Vasconcellos no Fantástico, após anos brilhando no Bom Dia Brasil.

A estreia da nova apresentadora, sem nenhuma surpresa, foi deslumbrante. Segura, com figurino e maquiagem que só a valorizavam e a elegância de sempre, a doçura de Renata encantou agora o público dominical. Suas simples frases anteriormente valorizavam até pautas completamente aleatórias, como mais uma semana de competição do Medida Certa. E o recheio da edição de estreia, que teve direito a uma breve saudação especial do colega Tadeu Schmidt logo na abertura, não foi muito além do habitual. Até a grande reportagem soou repetitiva: mais uma revelação sobre espionagem sob o comando da sempre competente Sônia Bridi.


Na primeira reportagem de Renata, outra matéria relativamente fraca. Não que a competência de Wagner Moura seja contestada, mas uma conversa com ele não é difícil para emissora carioca, que certamente a conseguiria para Encontro, Estrelas e o que mais aparecer... Ainda mais com o visível tom de divulgação que foi emprestado.


A estreia de Renata também serve como alerta não apenas aos responsáveis pelo conteúdo do programa, como também ao seu colega de apresentação. Tadeu Schmidt é um excelente profissional, porém sempre teve liberdade para ousar mais ao ter a companhia de Zeca Camargo e Renata Ceribelli. Era o "engraçadinho" do programa. Agora é o profissional que está há mais tempo em seu comando. A postura fraca que combinava antes passa a ser decepcionante ao lado de uma colega que já começou se sentindo em casa.

A embalagem do show da vida também passou a ser totalmente em alta definição, o que só reforça a beleza de Renata. Mas o conteúdo vindo dela ainda tem que evoluir muito para que o programa retorne aos velhos tempos. Viver de furos isolados, como a entrevista com o papa Francisco, é pouco. O Fantástico tem potencial para conseguir se revelar interessante toda semana.

domingo, 6 de outubro de 2013

Não choveu criatividade

Nem aos roteiristas de Tá Chovendo Hambúrguer 2 nem ao blogueiro que pensou nesse título. Mas a diferença entre as contas bancárias deles é de alguns milhões, então ignoremos isso e foquemos na análise da continuação de uma das mais recentes franquias infantis bem sucedidas em Hollywood.


Se o primeiro filme foi uma "zebra" ao bombar mais do que o esperado em bilheterias de todo o mundo, o segundo já chegou cercado de mais expectativa. E não chegou a decepcionar, porém ficou aquém do potencial. Ele impressiona mais pelo visual do que pela história. As cenas de fuga dos protagonistas de uma aranha gigante em forma de hambúrguer são mais sedutoras do que o fio condutor que causou aquela fuga, por exemplo.

Um dos erros mais fatais pode ter sido justamente a forçação de piadas mais adultas. O longa inicial era extremamente infantil sim, mas tinha um pouco do seu charme nisso. O novo atira para todos os lados e nem sempre acerta. Fica entre piadas incompreensíveis pelos pequenos e sem graça alguma para os maiores por diversas vezes. Mas isso só é mais reparável quando você reflete após sair da frente da telona. A eletrizante sequência de cenas deixa menos espaço para enrolação do que a primeira franquia. Excluindo-se o flashback inicial, o filme mais mostra diretamente do que explica determinados fatos. 


Outro ponto forte é o maior foco em uma trama central. Os coadjuvantes cumprem o papel deles em menos escala, porém agora bem, sem roubarem muito tempo do que interessa para tramas irrelevantes. É a trama clássica do mocinho contra o vilão, uma espécie de Steve Jobs do mal. E em que ambos marcam muito bem os seus espaços, algumas vezes até mesmo de forma acentuada. 

Entre evoluções e involuções, Nublado com Possibilidade de Almôndegas (tradução livre do título em Inglês) consegue divertir bem durante a sua exibição de encher os olhos com uma bem trabalhada overdose de cores. Ou seja, o necessário para uma animação dizer que cumpriu seu papel. 

sábado, 5 de outubro de 2013

Marina Silva surpreende e muda o tabuleiro eleitoral para 2014

Foram muitas as especulações sobre o futuro político da ex-senadora Marina Silva entre a negativa do registro da Rede Sustentabilidade pelo TSE e a coletiva desse sábado. Diversos partidos foram ventilados, mas a solução encontrada surpreendeu a todos. Marina e parte dos membros de seu grupo político fecharam com o PSB, do governador pernambucano Eduardo Campos.

Marina não anunciou se será vice de Campos. Mas praticamente escancarou que o contrário não ocorrerá. Algo inesperado por si só, já que ela possui muitas vezes mais intenções de votos do que Eduardo. A pressão externa por uma inversão na ordem anunciada da chapa já pode desgastar a relação sem que seja necessário movimento de nenhum dos lados. Aliás, a relação, chamada de "plano C" por Marina, nasceu em menos de 24h.

Se irá dar frutos ou não daqui a 1 ano, já é outra história. O PSB possui uma base forte de prefeitos que faz diferença, mas isso ainda não foi convertido em um bom tempo de TV. Com a possibilidade de sair com 2 filiados ao próprio partido como presidente e vice, a chance de coligações também cai.

Mas Marina agrega simpatia de todos os lados do empresariado, assim como o próprio Campos. A verde também tem penetração em cidades gigantes, como Brasília e Belo Horizonte, onde seu desempenho em 2010 (ainda como filiada ao PV) foi impressionante, mas o chefe do Executivo pernambucano deve permanecer como ilustre desconhecido da maioria até o começo da corrida eleitoral.

Para o PT de Dilma Rousseff, a parceria pode ter resultados diferentes. Fazer com que a disputa acabe logo em 1º turno, já que são menos candidatos na disputa ou gerar uma força opositora de peso no 2º, seja com os próprios passando ou subindo no palanque de Eduardo Campos. O mesmo ocorre com o PSDB de Aécio Neves, que teria chances reais com o novo apoio, mas também pode sair massacrado se perder até mesmo o posto de principal contraponto ao PT. Petistas e tucanos vem se revezando no poder e nas primeiras colocações desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito e Lula ficou em segundo lugar. De lá para cá, as posições se repetiram em 1998, 2002 (Lula/Serra), 2006 (Lula/Alckmin) e 2010 (Dilma/Serra). O maior êxito de uma 3ª via foi justamente no pleito mais recente, quando Marina abocanhou 20 milhões de votos.

Mas qual será o resultado do acordo para a pessoa física Marina Silva? A união com um representante de tão criticada "velha política" certamente decepcionou muitos militantes. Ela mesma havia colocado Campos no mesmo saco de Dilma e Aécio há poucos meses. E vai perder um bom tempo que poderia ser gasto com propostas somente em justificativas. Mas garante que não sairá do mapa político para 2018. Arranhada ou não, estará lembrada. E se tudo ainda segue indefinido para brevemente, imaginem só para daqui a 4 anos...

Dirigentes do ABC brincam com a sorte. Farão isso até quando ela falhar?


Não é novidade para ninguém que quem comanda o futebol brasileiro gosta de brincar. Seja com os concorrentes, com o pagamento de salários... Mas o limite aceitável é transposto quando vidas são coladas em jogo. Foi isso que aconteceu hoje no estádio Frasqueirão. Faltou pouco para uma tragédia marcar a rodada do Campeonato Brasileiro nesse sábado. O risco de vítimas fatais foi relatado até mesmo pelo árbitro na súmula do jogo.

O que aconteceu? Até então na zona de rebaixamento e acumulando maus resultados, o ABC não despertava interesse em sua torcida para lotar o Frasqueirão toda semana. Com a partida contra o Palmeiras, a lotação era certa, já que a presença de um time de relevância nacional em terras potiguares é quase nula. Mas Rubens Guilherme não ficou satisfeito em simplesmente faturar muito para os padrões ABCdistas. Queria muito mesmo. Vendeu de ingressos a capacidade total da arena. Jornalistas, convidados, sócios-torcedores, estafes dos times, policiais... Todo esse número que também é de pessoas foi ignorado. Mesmo que oficialmente não se confirmem os números, era visível que havia um excedente gigantesco de gente. E não há desculpas para isso. Policial algum poderia barrar torcedores com ingresso comprado antes de algo dar errado. Mas deu.

Pouco antes do começo de partida, quando os times já estavam em campo, um tumulto de grandes proporções começou aos arredores de uma das grades. Para escaparem da multidão sem controle que não tinha para onde rumar, mulheres e crianças pularam o alambrado e invadiram o campo. E a partida que deveria ser suspensa pela situação insustentável foi somente adiada até alguns conseguirem se acomodar. Outros tantos simplesmente passaram mal e foram ao posto médico. 

O técnico do ABC chegou a apontar uma meia dúzia de cadeiras vagas na torcida do Palmeiras como solução para pelo menos centenas sem espaço dentre os ABCdistas. Bizarrice "justificada" por se pensarem somente em pontos, já que a pressão dos torcedores poderia mudar o rumo do jogo. E aconteceu. Acuado após já ter visto uma invasão de campo, o árbitro simplesmente se esqueceu de anotar 2 pênaltis para o Palmeiras. No placar, o ABC acabou vencendo por 3x2 e deixou o Z4. Mas deu um gol contra no respeito ao ser humano. 

Na TV

O assunto ganhou destaque em todos os telejornais de rede, incluindo na escalada do JN. Curiosamente, a mídia local mais se importou com a história normal do jogo e minimizou o ocorrido. 


A Band, que transmitia tudo em TV aberta ao vivo, viu a edição nacional do Brasil Urgente ser cancelada, com José Luiz Datena entrando no ar somente para São Paulo. A Globo SP já havia preferido ignorar o jogo antes, mesmo 

Reações

O ABC pode ter de pagar multa e perder até dez mandos de campo, porém a CBF ainda não se manifestou sobre o tema. Profissionais do Palmeiras, como técnico Gilson Kleina, deram entrevistas ainda visivelmente abalados em campo condenando os responsáveis pela confusão. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O que Reinaldo Azevedo não sabe sobre o Mais Médicos

Caro jornalista Reinaldo Azevedo, o senhor parece desconhecer a profundidade do programa Mais Médicos. Um artigo publicado em seu blog no site da revista Veja articula que somente "mão de obra escrava oriunda da ilha comunista (Cuba)" toparia servir aos pontos mais desassistidos do interior do Brasil. Mas a BBC Brasil indica que pelo menos 220 profissionais vem de outros países, como Argentina, Venezuela, Espanha e Portugal. A função básica de atendimento primário em pequenas cidades ou periferias também evidencia que os investimentos em estrutura não são o principal ponto a ser debatido sobre o Mais Médicos, o que derruba a sua tese sobre as possíveis desistências de "homens e mulheres livres" sejam oriundas do problema. Sabemos, inclusive, que alguns médicos brasileiros se cadastraram somente com propósito de sabotarem o programa.

Boa parte dos profissionais estrangeiros que vieram ao Brasil tem mais de 10 anos de experiência, cerca de 20% deles são mestres e uma fatia considerável já atuou fora de suas nações de origem em outras ocasiões, segundo o CQC, da TV Bandeirantes. Logo, isso demonstra o total poder de escolha que eles tinham em mãos, já que certamente contavam com outras opções de trabalho. Se optaram pelos confins brasileiros, talvez tenham priorizado o Juramento de Hipócrates, quando prometeram seguir os "preceitos (...) da caridade, (...) penetrando no interior dos lares".

A população anseia pela presença desses profissionais com ou sem estrutura. Uma recente pesquisa do Instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte indica que 73,9% dos brasileiros aprovam a chegada dos médicos estrangeiros. Uma prova de que eles serão bem recepcionados por seus pacientes, contrastando com as cenas de preconceito protagonizadas por "colegas" de jaleco. Isso deriva da colocação deles em regiões atualmente carentes de médicos. Carência que foi apontada pelo Ipea em pesquisa de 2011 como o pior problema da saúde brasileira. Segundo a Frente Nacional dos Municípios, 700 cidades do país não contam com nenhum médico. Um primeiro atendimento dos enfermos dessas localidades já desafogaria os maiores centros.

E também é sabido que a burocracia das licitações impede mudanças estruturais em curto prazo, sendo que a população mais humilde necessita de melhorias emergencialmente, o que indica que os médicos deveriam ter o bom senso em atuarem mesmo que de forma limitada, até pelos ganhos (bem) acima da média que possuem. Se os brasileiros não tiveram essa consciência, que os estrangeiros, sejam de primeiro ou de terceiro mundo, sejam bem-vindos ao país, já que estão aqui por mera opção. Eu, o senhor e todos nós deveríamos abraçar a boa vontade de quem resolveu abraçar o problema da nossa saúde.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

#MySBT

A falência da MTV Brasil despertou uma onda de nostalgia dentre os admiradores do canal... Propiciada pela própria emissora, que convocou alguns dos seus principais nomes para relembrarem suas trajetórias em programas intitulados My MTV. A ideia deu super certo e se tornou fenômeno em repercussão.

Hoje, boa parte do público foi surpreendido com a notícia de que o SBT estaria perdendo seu acordo de exclusividade com a Warner. Estaria rolando uma crise na Anhanguera? Pelo sim, pelo não, os fãs do canal começaram a twittar o que gostariam de rever em um eventual final da emissora. E assim surgiu a hashtag #MySBT, que logo se tornou fenômeno de repercussão. Abaixo, alguns dos melhores posts:




































E foi TT mesmo. Não somente entre os assuntos mais falados do Brasil, como também em diversas cidades específicas:



terça-feira, 1 de outubro de 2013

As novas trocas no jornalismo global


De uns tempos para cá, passou a ser estranhável é quando a Globo não anuncia uma mudança nas bancadas de seus principais telejornais. Seja para promover um dinamismo interno ou por puro medo de concorrentes, a emissora vem tornando as danças das cadeiras já tradicionais. Jornal Nacional, Fantástico, SPTV 1, Bom Dia SP, Bom Dia RJ, RJTV 2, Bom Dia Brasil... Todos esses já haviam sido alvos de recentes alterações. E dois deles são reincidentes agora. 

É o caso do Bom Dia Brasil, que já havia trocado Renato Machado por Chico Pinheiro e agora vê Ana Paula Araújo ocupar a cadeira que era de Renata Vasconcellos. Confuso, não? Esmiucemos a troca de acordo com os envolvidos.

Renata Vasconcellos


Considerada injustiçada por muitos que a acham mais competente do que Patrícia Poeta para a vaga de Fátima Bernardes no JN, Renata estreou na TV pela Globo News. Inclusive, esteve presente no lançamento do canal de notícias. Mas não demorou para o charme da jornalista ganhar o Jornal Hoje dos sábados. Quando em 2002 se pensou numa reformulação para o Bom Dia Brasil, ela foi chamada. E ali começava uma parceria de 11 anos muito bem sucedidos. A partir de 2005, a âncora passou também a apresentar eventualmente o Jornal Nacional. E não somente da bancada. Durante as chuvas na Região Serrana do Rio em 2011, Renata apresentou o JN direto de Teresópolis por dois dias consecutivos, contribuindo também com VTs para as edições. Mas a carreira de Renata não se notabiliza somente por coberturas tristes. Ela também deu show em narrações ao vivo, como as do Casamento Real e da recente visita do papa Francisco ao Brasil.

Agora, Renata sai de um programa que tinha a sua cara para começar a se moldar ao Fantástico, pelo qual ela havia passado anteriormente somente por VTs. Sua simples chegada não alterará muito a ordem natural caso a direção não implemente também adaptações visuais e de conteúdo, por exemplo. Com folga, é a jornalista que assume maiores riscos nesse processo.

Renata Ceribelli


Essa outra Renata começou a carreira em afiliadas da Globo no interior paulista. E não chegou na rede pelo jornalismo, mas sim como repórter do Vídeo Show, em que passou praticamente uma década. Depois, ficou por anos como substituta imediata de Glória Maria e Patrícia Poeta no Fantástico. Realizou fortes entrevistas, como a primeira de Nayara após o sequestro em Santo André. E arrancou revelações também de Rosane Collor. Mas caiu mesmo nas graças do público foi com o sucesso do quadro Medida Certa.

Renata assume destino parecido com o de Renato Machado após sair do Bom Dia Brasil. Quer dizer, não tão parecido. Se o elegante âncora parou em Londres como correspondente exclusivo, Ceribelli ganhará Nova York, que serve como base para produção de matérias por toda a América do Norte.

Zeca Camargo


Oriundo da agora finada MTV Brasil, Zeca Camargo chegou na Globo para tornar o Fantástico mais jovem. Sempre antenado com cultura pop, sua passagem de 18 anos em que ficou ao lado de figuras como Pedro Bial e Fátima Bernardes foi marcada por entrevistas com grandes nomes da música mundial. E pela paixão por viajar. Essa foi a fórmula do êxito da Fantástica Volta ao Mundo. Ele ainda foi parceiro de Renata Ceribelli na primeira edição do Medida Certa.

O destino de Zeca é o Vídeo Show, programa que vem se reinventando, porém já parece combinar com o perfil do apresentador, que troca o jornalismo pelo entretenimento.

Ana Paula Araújo
Notabilizada nacionalmente pelo brilhantismo com que ancorou ao vivo por horas a cobertura da ocupação do complexo do Alemão, Ana Paula Araújo teve uma ascensão meteórica na Globo. Titular do RJTV 1, ela passou a estar presente em todas as bancadas. Era figurinha frequente do Bom Dia Brasil ao Jornal Nacional. E contava passagens pelo próprio Fantástico.

Enfim, a jornalista terá uma bancada em rede para chamar da sua. Ela agora comandará o Bom Dia Brasil ao lado de Chico Pinheiro, com quem já evidenciou uma excelente química diversas vezes.

Mariana Gross
A repórter pode dizer que é a cara do Rio. Se isso pode atrapalhar eventuais planos futuros para rede, é um trunfo que já a havia colocado entre as principais cotadas para assumir o Bom Dia RJ após a saída de Ana Luiza Guimarães para o RJTV 2. Meses antes, optaram pelo também competente Flávio Fachel. Mas agora, assim que foi anunciada a ida de Ana Paula ao BDBR, todos tinham certeza de quem seria sua substituta antes mesmo do anúncio oficial.

Silvana Ramiro
Com larga experiência em campo e eventualmente no próprio Radar RJ, Silvana agora passa a comandar o quadro em definitivo. Foi mais uma aposta segura e certeira em um nome identificado com a cidade.

André Marques
Vai para geladeira. Mas não é para comer mais. Pelo contrário. André sai do Vídeo Show após se tornar a cara do programa vespertino e agora projeta uns tempos de regime em um spa antes de encarar novos projetos.

Ana Furtado
Segue no que sabe fazer de melhor: ser casada com Boninho. Possivelmente alegará saudades da dramaturgia em breve.

Abaixo, segue o roteiro da despedida ao vivo e sem brilho realizada no Fantástico. Sabe-se lá por qual motivo, até mesmo a saída do Bom Dia Brasil agora foi tratada com uma incoerente discrição no ar.

Renata Ceribelli:
Ao longo do programa, Eu e Zeca anunciamos que tínhamos uma novidade para contar. Eu vou contar a minha, o Zeca vai contar a dele. A minha é a realização de um sonho antigo. Vou me mudar para Nova York. Mas continuo no Fantástico. Fui convidada a assumir a função de repórter especial e exclusiva do programa na América do Norte. Um desafio e tanto, que vai se iniciar em janeiro. Até lá, deixo o programa para preparar a mudança.

Zeca Camargo:
Meu desafio é outro: fui convidado a apresentar o Vídeo Show, um programa que eu adoro. Depois de 18 anos de Fantástico, 18 anos maravilhosos e ricos, confesso que fiquei dividido. Mas como recusar um desafio desses? Estar com vocês todos os dias, num programa diário, sempre cheio de novidades. Algo que me estimula demais. Só estreio em novembro, mas começo a me preparar desde já, deixando aqui o meu muito obrigado. Até lá!

Tadeu Schmidt:
Ao Zeca, à Renata, todo o sucesso do mundo nessas novas funções. Ficamos na torcida, recebendo agora a Renata Vasconcellos, que, a partir de domingo que vem, comandará o programa comigo.

Renata Vasconcellos:
Meu desafio também é grande. Qual profissional de TV não gostaria de receber um convite desses? Por isso, é com grande prazer que passo a fazer parte dessa equipe. Espero corresponder e contar com a sua companhia nas noites de domingo. Amanhã cedo ainda estarei no Bom Dia Brasil, para apresentar a Ana Paula Araújo, que vai me substituir na bancada do telejornal. Mas domingo que vem já estarei aqui com vocês, no show da vida

Tadeu Schmidt:
Bem-vinda Renata Vasconcellos, boa sorte Zeca, boa sorte Renata Ceribelli.  Estamos todos juntos - afinal, os desafios podem ser diferentes mas o propósito é um só: fazer uma TV Globo cada dia melhor.

E o de Chico Pinheiro ao se despedir de Renata, que há não muito tempo fazia o papel contrário: A Renata, que durante 11 anos foi uma das estrelas da manhã do jornalismo da Globo, brilhará agora nas noites de domingo da Globo. Desejo a ela todo o brilho e sucesso nesta nova empreitada. E agradeço muito pela maneira com que ela me acolheu durante estes dois anos que dividimos a bancada do Bom Dia Brasil. 

O apagar das luzes da MTV Brasil

A construção do ethos

Ao se tomar a palavra, o indivíduo já passa indubitavelmente a tentar ajudar na construção do seu ethos. Mesmo sem citar suas qualidades diretamente, o estilo de fala já influencia nisso. E esse uso da retórica com tal fim já é apontado desde a antiguidade.

Numa rede de contatos, a interação entre eles gera uma troca mútua de tentativas de estabelecimento dos ethos. E isso pode ser demonstrado nos mais variados ambientes, como exemplifica Ruth Amossy ao citar diversas figuras históricas.

Imagens de si no discurso: a construção do ethos também trata de maneira relevante sobre certas teorias, como a criada pelo canadense Albert W. Halsall, que se funda no exame da concepção aristotélica de autoridade aplicada a uma questão frequentemente debatida na poética da narrativa: a da credibilidade do narrador.

Também é demonstrado que essa tentativa constante de fortalecimento do ethos pode ocorrer tanto diante de um auditório quando em ambientes mais reservados. E variando por todos os níveis sociais, assim como os motivos causadores, é claro.

O final do capítulo Da noção retórica de ethos à análise do discurso demonstra ainda que esse mutável conceito ainda pode ser explorado academicamente em diversas frentes, principalmente por seu trânsito dentre diversas linguagens.