domingo, 23 de março de 2014

Apelativo, mas com personalidade: esse é o Domingo Show


Algumas principais novidades da Record para o ano são baseadas em formatos internacionais. Dos quadros novos de Rodrigo Faro ao programa de namoro de Rafael Cortez, a emissora comprou muito nas famosas feiras mundiais de televisão. Até mesmo a nova contratada, Sabrina Sato, verá sua atração dar um grande espaço ao My Name Is.

 Dentre as poucas exceções, está justamente o Domingo Show, totalmente desenvolvido pelo próprio canal. E dificilmente alguma das outras novidades com o selo de importação começará tão bem na audiência quanto o programa de Geraldo Luís, que liderou na média prévia (11 contra 10 da Globo) e chegou a alcançar picos 17 pontos.

O Domingo Show”começou com um giro de links pelo Brasil que em muito lembra os realizados no Fala Brasil e no Jornal da Record. Ou seja, explorou bem o trunfo de estar ao vivo. Mas se confundiu ao dizer que era o único na situação. Domingo Legal e Esporte Espetacular também são transmitidos ao vivo, o que não os impediu de serem neutralizados por Geraldo.

No caso do programa global, a emissora carioca parece ter menosprezado o potencial do concorrente. Talvez já habituada em ver investidas da Record no horário fracassarem, a Globo não escalou nenhuma pauta tão forte para o EE ou mesmo algum filme inédito para Temperatura Máxima. O Domingo Legal até que se movimentou para ser mais factual, homenageando o humorista Canarinho, falecido nesta última semana, mas o elevado número de intervalos e merchandisings já tornou a briga desleal.

Por sua vez, o Domingo Show deixou a informação de lado no começo e apostou no que já consagrava seu apresentador no comando do Balanço Geral. De todos os jeitos. O irritante mistério com horas de chamada para determinado assunto permaneceu. Dessa vez, para que Sabrina fosse questionada sobre a “homenagem” do Pânico ao batizar uma cadela com seu nome. Ela mais uma vez preferiu manter a elegância e não alfinetar os ex-colegas de trabalho.

A irreverência de Geraldo também prosseguiu, é claro. E de forma bem imprevisível. Ou alguém adivinharia que uma das pautas seria um beijo na verruga de Sabrina? Aliás, as brincadeiras podem continuar as mesmas do Balanço, mas o clima é completamente diferente. Se era incômodo ver o clima circense misturado ao noticiário, agora com o setor de entretenimento sendo o responsável pelo programa, o sem sentido passa a ter alguma lógica.

Na visível prolongação da conversa com Sabrina para que o Ibope se mantivesse elevado, houve espaço ainda para um tipo de Arquivo Confidencial que tentou ser novo ao homenagear a avó da apresentadora, mas dedicou boa parte do tempo mesmo para falar sobre a mais famosa da família Sato, que ainda recebeu sua mãe e suas tias no palco.

Geraldo, como a grande maioria dos jornalistas da Record, foi mestre na arte de divagar por horas no palco sem deixar certas repetições evidentes, porém o grande destaque da estreia foi uma externa, guardada para o desfecho, após insistente divulgação na grade da emissora ao longo da semana e no próprio programa inicial.

A entrevista com Gil Gomes realmente cumpriu sua missão de quebrar o silêncio do lendário radialista. A questão é se haverá fôlego para se encontrar uma pauta de peso em todas as semanas. Em escala diferente, o Programa da Tarde também baseou sua primeira edição na expectativa por uma reportagem marcante sobre uma figura querida do público (no caso, o humorista Shaolin). E igualmente abriu certa vantagem sobre a Globo. Depois, deu no que deu. A diferença é que o Programa da Tarde entrou no ar com o status de salvador da pátria do canal na faixa após anos. O Domingo Show soava como apenas mais um.

Até mesmo seu cenário é praticamente uma reciclagem do Domingo da Gente. E talvez essa falta de pretensão, com um programa popular sem medo de assumir isso, pese para que ele oxigene seu fôlego por um período maior. Beirar os 20 pontos toda semana somente se São Pedro colaborar ainda mais para o aumento da porcentagem de televisores ligados, mas a vice-liderança tão desejada pela Record parece simples enquanto o Domingo Legal não sair de seus telegramas dos anos 1990.

Para o SBT, a zona de conforto acabou. Para a Record, há um cenário animador, mas não conclusivo. Assim como fortalecido hoje por Sabrina e Gil Gomes, seu programa pode ser enfraquecido por eventuais convidados futuros. E aí sim conheceremos o limite do seu potencial.

Essa coluna foi publicada originalmente no NaTelinha

domingo, 16 de março de 2014

Domingão do Faustão promove mais uma grande (e relevante) festa


Você provavelmente já conferiu quais foram os consagrados na premiação dos Melhores do Ano realizada pelo Domingão do Faustão.

Agora realizada ao vivo, mas sem grandes mudanças no esquema de exibição, que reveza entrevistas com o trio de indicados pouco antes do anúncio do vencedor para depois seguir uma conversa mais aprofundada com o mais votado, a festa deste ano literalmente fez até chover no palco do programa durante a apresentação de Luan Santana. Mas quais terão sido as tendências que influenciaram o público na escolha dos vencedores?

Dentre as premiações da dramaturgia, além dos excelentes índices em sua reta final, que coincidiu com parte das votações, Amor à Vida ainda teve certa sorte em cruzar com uma das mais fracas safras de novelas da atualidade: Joia Rara e Além do Horizonte simplesmente não emplacaram. E isso fez toda a diferença em um prêmio popular. Aliás, aquele que talvez tenha sido o mais popular dos núcleos da trama abocanhou simplesmente três prêmios.

Elizabeth Savalla, Tatá Werneck e Anderson di Rizzi foram eleitos melhor atriz coadjuvante, melhor atriz revelação e melhor ator revelação, respectivamente. Vale lembrar que Anderson já fez novelas na própria Globo, como Morde & Assopra. No caso de Tatá, ela realmente ganhou destaque já por sua primeira novela e voltou a “atacar” de Valdirene no palco. Quando questionada por Faustão se pretende engravidar logo, a divertida atriz retrucou perguntando se aquilo era um convite.

Alguns prêmios eram certos para trama de Walcyr Carrasco antes mesmo do anúncio do vencedor. Dentre os melhores atores coadjuvantes, o duelo ficou por conta de Caio Castro, Juliano Cazarré e Thiago Fragoso. Deu Thiago.

Como esperado, o outro intérprete do primeiro beijo gay em horário nobre global também saiu com o troféu na mão: Mateus Solano foi o premiado como melhor ator em disputa com Bruno Gagliasso e Antônio Fagundes, que entrou ao vivo direto de São Paulo (a premiação foi realizada no Rio de Janeiro). Já Fabiana Karla surgiu da Itália. Enquanto isso, Renata Vasconcellos teve mais trabalho ao cruzar o Rio de Janeiro em cerca de 1 hora. A jornalista, que disputou a sua categoria com Patrícia Poeta e William Bonner, esteve no Projac acompanhando a segunda vitória da carreira do âncora do Jornal Nacional e pouco depois já conversava com Fausto Silva em seu posto no estúdio do Fantástico. Haja fôlego!

A outra categoria em que houve trio de Amor à Vida foi melhor atriz, com vitória de Paolla Oliveira sobre Susana Vieira e Vanessa Giácomo e consequente ampliação da hegemonia de mocinhas diante das vilãs.

A única outra novela também premiada foi Além do Horizonte, graças ao surpreendente resultado de JP Rufino sobre Klara Castanho e Mel Maia. Houve resultado espantoso igualmente em comédia. Leandro Hassum bateu Fábio Porchat e Fernanda Torres teoricamente por sua atuação no insosso Divertics, mas parece bem mais provável que boa parcela dos votos tenha sido gerada também pelo seu desempenho nas telonas em Até Que a Sorte Nos Separe 2.

Nas categorias musicais, nenhuma surpresa com a melhor cantora: Ivete Sangalo, a maior vencedora do Troféu Domingão, levou mais um para sua coleção.

Derrotada pela musa do axé na categoria, Anitta pelo menos não saiu de mãos abanando. Seu Show das Poderosas deixou o público piradinho e bateu o hit de Gabriel Valim. Ela superou ainda Luan Santana (eleito melhor cantor) e Tudo o Que Você Quiser.

Porém mais do que a óbvia consagração da música que realmente marcou o ano passado, o destacável nessa disputa foi a qualidade das performances realizadas no palco. Trabalho impecável. Prova de que apesar do certo egocentrismo que sempre gera críticas em se limitar aos globais, o nível de organização e prestígio do Melhores do Ano realmente o transforma na mais relevante premiação televisiva do Brasil.

terça-feira, 11 de março de 2014

The Noite é a melhor estreia do SBT em anos

Cercada de expectativa, a grande aposta da programação diária do SBT em anos correspondeu ao que se esperava dela. E até superou boa parte das previsões. O The Noite já é logo de cara uma grata surpresa da emissora. Não que alguém ainda subestimasse o talento de Danilo Gentili, que passou de repórter inexperiente para apresentador da sensação do início de madrugada na TV brasileira e inaugurou uma bem sucedida experiência de talk shows na Band, tanto que o canal resolveu manter no ar o Agora é Tarde mesmo após a saída de boa parte da equipe que o criou.


Aliás, é pelo menos covardia comparar o novo programa de Gentili com o anterior, agora comandado por Rafinha Bastos. A nova estrela do SBT não apenas se supera com folga, mas também deixa para trás seu sócio em um bar em São Paulo, porém agora concorrente direto pela audiência. Enquanto o programa que está há dois anos no ar praticamente retornou até a estaca zero na busca de uma linha editorial, a estreia deu a impressão de ser uma atração veterana em nosso convívio, tendo em vista seu excelente ritmo.

Absolutamente tudo funcionou nesse primeiro programa. De detalhes técnicos ao belo e grandioso cenário, que realmente poderia ser aproveitado por qualquer entrevistador estadunidense. Nível altíssimo para o padrão que nos acostumamos a conferir no conteúdo oriundo do centro de televisão da Anhanguera.

Os acertos que vinham desde a chamadas se acumularam desde o primeiro instante da atração, que mostrou o elenco interagindo a partir do Máquina da Fama com diversas outras atrações do SBT. O comecinho do The Noite conseguiu boas sacadas ao mostrar Gentili resgatando seu elenco por programas consagrados da casa. De Murilo Couto caracterizado como uma chiquitita até a busca também no banco da praça do Carlos Alberto de Nóbrega, os primeiros instantes já foram suficientes para ganhar o telespectador mais desconfiado, que ainda foi brindado com o sempre afiado monólogo de Gentili. Ou seja, destaque para o talk show do SBT justamente em um dos pontos mais fracos do similar da Band.

E o melhor: Danilo se apresentou para o novo público, mas sem se limitar ao enrolar muito girando em torno de si mesmo ou do formato. O apresentador mostrou sua habilidade na prática. E até mesmo os quadros que brincaram com o fato desse ser o primeiro dia demonstraram isso. Ao admitir que enganou jornalistas ao “deixar vazar” a possibilidade do programa se chamar Jô Soares Onze e Meia com Danilo Gentili, o apresentador convocou uma lista de outros nomes que teriam sido pensados para batizar o programa. Ao acertar dois alvos numa tacada só, Agora é Jequitarde certamente seria o melhor deles. E se a Jequiti ganhou essa menção, a Tele Sena recheou o único break do dia. Nada mais SBT, certo? Afinal, até as novelas mexicanas ganharam espaço com a divertida alfinetada do método de atuação de Fábio Porchat, o convidado do dia. Em retaliação, Léo Lins e Murilo Couto também riram de repetições cometidas por Danilo, principalmente ao “ofender” membros da equipe.

Outro ícone do SBT apareceu justamente em outro momento em que Jô, o maior expoente do estilo de programa no Brasil, também foi citado. Ao chegar e dar de cara com um empoeirado cenário que foi do agora global, Ivo Holanda revelou que aquilo não passava de uma pegadinha.

Ao se deparar com o verdadeiro espaço novo, também vieram novas indiretas. Ele exaltou que o estúdio não era “reciclado”, diferentemente do seu na Band, que apenas foi renovado com toques de madeira na troca de temporada e ainda hoje segue quase idêntico.

Para justificar a ausência de Marcelo Mansfield, o bom humor entrou em cena novamente. Numa esquete, Marcos Oliver foi insinuado como amante do humorista no Retiro dos Artistas. E o substituto de Mansfield, Diguinho Coruja, talvez único ponto do programa que ainda possa levantar dúvidas, foi apresentado ao público já com relativo destaque.

O show já estava armado, mas o “talk” que justifica o formato também não ficou devendo. Talvez por ser uma figura global, Fábio Porchat acabou ganhando o estigma de que seria cheio de limitações na conversa. Bobeira. Ele brincou, adiantou novidades inéditas da carreira e riu de seu próprio passado, que apesar de não ser coisa de cinema, o condena. Uma boa entrevista em que ambos ficaram livres e também deixaram o público confortável diante da telinha.

Mas apesar de somente um nome ter estreado o novo sofá, várias celebridades deixaram a sua marca nesse começo de The Noite. E sem aquelas mensagens óbvias de boas vindas ou com espaço simplesmente por serem relevantes. Os famosos também entraram na brincadeira. Eliana dançou no palco, Gominho serviu de apoio e Palmirinha se tornou uma instrutora de artes marciais, por exemplo.

E se começamos a coluna elogiando o esquete de abertura com a caçada pelos bastidores, o musical de encerramento não foi menos divertido. Estreia completa do começo ao fim. Na dosagem entre ser jovem e família, arrojado e confiável, novato e consagrado, hit na internet (emplacou diversos trends mundiais) e bem na audiência televisiva (vice-líder isolado), que muitas vezes podem soar como contradição, o The Noite começou sabendo que caminho deve trilhar. Os insones agradecem! E o SBT, que vê um investimento em conteúdo nacional renovado e inédito ser exitoso, certamente também. 

terça-feira, 4 de março de 2014

Briga pelo título do Rio ficará entre Imperatriz e Tijuca

Já virou tradição! O Território de Ideias repete 2012 e 2013 e compartilha seu ranking das melhores escolas que passaram pela Sapucaí, em premiação que já está mais badalada do que o Estandarte de Ouro do jornal O Globo.

Se você clicou nos links com os anos anteriores, reparou que a Vila Isabel foi apontada como a melhor em ambos. Mas a dose não se repetiu em 2014. Bem pelo contrário. A escola veio sem muitas fantasias e integrantes de alguns carros e alas saíram em roupas íntimas pela avenida. Um vexame para atual campeã.

Mas vamos voltar ao primeiro dia de desfiles? Ele foi aberto pela Império da Tijuca, que retornou para elite após anos. E não chegou a decepcionar. Foi correta e deve garantir sua permanência.


Cantando Maricá, a Grande Rio demorou a "pegar". Mas quando pegou, fez a Sapucaí levantar. Com estrelas como Daniela Albuquerque e Juliana Paiva em seu casting, a escola evoluiu muito bem. Muito luxo! Diferentemente da São Clemente, que confundiu simplicidade com pobreza e fez um desfile fraquíssimo.

A Mangueira celebrou as festas do Brasil e até empolgou, mas o desfile ficou marcado mesmo pela correria para cumprir os 82 minutos cravados e a destruição de um carro alegórico ao passar pela torre de TV.

A Salgueiro foi a primeira a fazer a Sapucaí gritar "é campeã!". Se livrando de problemas mais graves que a perseguiam recentemente, o retorno da escola no desfile das campeãs já pode ser considerado praticamente garantido.

A Beija-Flor prometeu que falaria sobre o grande Boni. Mas o que menos se viu no desfile da escola foi ele. O criador do padrão Globo de qualidade saiu vestido de Charles Chaplin, viu alas sobre a criação da imprensa escrita e apenas no finalzinho pode ver sua trajetória mais contextualizada, porém ainda assim de forma confusa.

No segundo dia, a Mocidade Independente repetiu a dose da Império no primeiro: cumpriu tabela para não cair. Situação bem diferente foi a da União da Ilha. A escola que por muitos anos frequentou o grupo de acesso se estabeleceu mesmo como trazedora de constantes bons desfiles. O enredo sobre a infância trouxe muito colorido e foi extremamente bem executado. Memória afetiva ativada sem os detalhes técnicos serem deixados de lado. A não ser o único e preocupante problema quando o telão de uma das alegorias ficou inclinado e pareceu estar prestes a tombar. Por sorte, o desfile foi concluído com ele ainda resistindo.


Depois da já citada Vila Isabel, a Imperatriz também fez a Sapucaí ficar de olho numa provável campeã. A escola deu uma aula para Beija-Flor e mostrou como homenagear uma figura mostrando a sua vida e mesmo assim também dando espaço para criatividade. No reino de Zico, o sambódromo foi tomado por súditos do aniversariante do dia, que levou para festa muitos dos campeões mundiais de 1981. De arrepiar!


Diferentemente da Portela, que finalmente se atualizou mais, porém ainda sem vir com fôlego para quebrar o longo jejum de campeonatos. E falando na briga pelo topo, a Unidos da Tijuca de Paulo Barros acelerou na homenagem ao ídolo Ayrton Senna da Silva! Com mais uma bem sucedida ligação entre a figura central e o mundo que a cerca, fomos brindados mais uma vez com ideias geniais. A briga com a Imperatriz pelo título promete. Abaixo, segue o ranking completo (ao lado, a comparação da posição da escola em 2014 com a do ano passado).

1° Imperatriz Leopoldinense (+9)
2° Unidos da Tijuca (+7)
3° Salgueiro (+2)
4° União da Ilha (0)
5° Mangueira (+3)
6° Grande Rio (-4)
7° Portela (+4)
8° Beija-Flor (-1)
9° Mocidade (-7)
10° Império da Tijuca 
11° São Clemente (-5)
12° Vila Isabel (-11)

Retornando ao Carnaval carioca, Fátima Bernardes é ofuscada por Tiago Leifert

Quem passa 15 anos na bancada do Jornal Nacional chama naturalmente atenção por onde passa. Ainda mais quando depois de anos retorna para um posto que já ocupou. Mas Patrícia Poeta pode ficar aliviada. A substituída da vez foi Glenda Kozlowski, com a desculpa de que precisa se dedicar para transmissão da Copa do Mundo (como se Tiago Leifert, que estava na Sapucaí, não fosse uma das principais apostas da Globo para a cobertura do Mundial...).

Aliás, justamente Tiago que dissipou logo de cara todo o burburinho feito em cima do retorno de Fátima. O apresentador do Globo Esporte SP se tornou o grande destaque da transmissão global no Rio de Janeiro.

Antes de listar os feitos de Tiago, expliquemos que Fátima não chegou a ir mal. Na era dos comentários ácidos em redes sociais, a apresentadora quase passou ilesa. Na verdade, a web reproduziu o que ocorreu até entre seus colegas: a senhora Bonner ficou, de certo modo, ignorada.



Claramente orientada e sem temor de disfarçar isso (agradeceu aos “profissionais sempre competentes” da produção quando recebeu uma “colinha” sobre qual é o som emitido pela águia, o símbolo da Portela), Fátima passou as duas noites com seu tom simpático, porém manso. Destacava a beleza de uma alegoria ali, chamava um repórter acolá... E pronto. Todo esse clima protocolar definitivamente não combina com o Carnaval e tirou parte da folia característica dos desfiles.

No momento de receber os convidados durante o intervalo das escolas é que pode ter ficado evidente o maior problema da jornalista: os “vícios” adquiridos ao fazer o Encontro diariamente. Lidando com um bom número de convidados todas as manhãs, a agora apresentadora já tem sua tática para tratar com eles e a levou para Sapucaí. Algo que Tiago e Chico Pinheiro (narrador que fez dupla exitosa em São Paulo ao lado de Monalisa Perrone), que comandam programas jornalísticos, não possuem tão enraizadamente, assim podendo demonstrar novos lados durante o Carnaval.


De Tiago, aliás, vieram as melhores sacadas da transmissão. Ao ver a quantidade de globais trazidos pela Grande Rio, ele não hesitou em dizer que um possível acidente ali causaria sérios problemas ao Projac. E se corrigiu ao ver depois que a Beija-Flor trazia uma legião ainda maior de estrelas no embalo da homenagem à Boni: “Sujou para Grande Rio”.

O jornalista ainda destacou o The Voice Brasil, programa que comanda e é do núcleo do diretor Boninho (que também dirigiu a transmissão do Carnaval e ainda tem sob sua batuta o Encontro com Fátima Bernardes), ao ver a finalista Lucy Alves desfilando. E voltou a opinar sobre música ao ouvir o hit Lepo Lepo, classificado por ele como “maldição”.

Ao ver uma ala sobre patins, o comandante do GESP logo mandou abraços para César Tralli, apresentador do SPTV e fã do apetrecho. Dentre suas entradas, destaca-se ainda o pedido atendido por um “Hoje é dia de samba, bebê!” partido de Christiane Torloni.

Comentários absolutamente pertinentes se comparados aos de Eri Jhonson, que parecia nem saber o que estava fazendo ali. Milton Cunha, que foi jurado do Got Talent Brasil da Record, chamou atenção mais uma vez pelo seu estilo afetado e direto.

Na reportagem, não se sabe se por orientação superior ou por esforço de ambas em conseguirem mais pautas interessantes para os chamados, Lília Teles e Renata Capucci dominaram em seus turnos. As experientes e competentes jornalistas davam o ar da graça sozinhas praticamente no ritmo da soma de entradas de todos os demais colegas.

Celebridades no estúdio



Com a base global montada na dispersão, famosos se multiplicaram nas entrevistas realizadas após os desfiles. Fausto Silva, por exemplo, “invadiu” o espaço após desfilar na homenagem feita para Boni, que também foi recebido, pela Beija-Flor.

E ao contrário do que muitos cogitavam, a presença do ex-chefão não intimidou ninguém. A transmissão do desfile foi contida e não ocorreram exageros na dose dos elogios. Zico, homenageado pela Imperatriz, recebeu menções bem mais carinhosas, talvez pela presença de duas figuras do esporte na transmissão.

Durante o desfile que saudou o Galinho, Luis Roberto ainda deu a entender que é flamenguista, assim como Galvão Bueno, o narrador número 1 da Globo. Ao ser questionado pela vascaína Fátima Bernardes sobre qual foi o time que o rubro-negro bateu na final do Mundial de 1981, Luis respondeu prontamente: “Liverpool”. Na sequência, Fátima disse que tinha certeza que seu colega teria a resposta na ponta da língua. E o narrador emendou que era melhor se calar para não falar demais.

Celebridade na internet

Na noite de domingo, além dos tradicionais tweets do público serem mostrados no telão, surgiu um espaço que pretendia receber apenas mensagens das estrelas, algo já adotado no The Voice. Mas a única vez em que o recurso foi utilizado serviu para mostrar somente um post, não três, como de costume. De quem foi a publicação? De Ana Furtado, esposa de Boninho, que provavelmente estava indo dormir naquela hora, já que comanda o Encontro ao lado de Dan Stulbach e Lair Rennó por toda a semana, assim como já havia ocorrido nas férias de Fátima Bernardes em janeiro.



Mas se o espaço “virtual” ficou restrito, a avenida foi mais democrática. Estrela da Record, Sabrina Sato ganhou um tempo acima do habitual das outras rainhas de bateria ao ser mostrada sambando pela Vila Isabel e faturou elogios de Luis Roberto, que destacou como a apresentadora é querida pela comunidade. No carro sobre Boni que trazia praticamente apenas globais, a emissora também citou Moacyr Franco, “intruso” do SBT na alegoria e que é amigo de longa data do proprietário da TV Vanguarda, mas que aparentemente pretende aumentar a sua lista de concessões. Ao ser questionado por Tiago Leifert sobre o que desejava mais na vida após tanto sucesso, Boni citou em clima bem-humorado que deseja ser tema de “mais enredos” e também escapou que pretende administrar “mais emissoras”. 

Aliás, a entrevista de Boni foi uma das poucas compreensíveis realizadas. Com uma legião de convidados ao término de cada desfile e Tiago, Fátima e Luis totalmente integrados também nesse momento (pela ideia original, Tiago ficaria sozinho nessas ocasiões, porém também não daria tantos pitacos na narração. Ao final, acabou acontecendo uma grande mistura), o estúdio Globeleza perdeu um pouco de seu sentido e virou espaço para somente mais samba, mesmo após os cerca de 82 minutos que cada escola levou para atravessar a Marquês de Sapucaí.

Sobre Hollywood, nada diferente

A cerimônia do Oscar foi totalmente ignorada. Se a tela muitas vezes foi dividida com bobos vídeos dos internautas mostrando alegria, nenhum link com a maior festa do cinema mundial foi estabelecido. Nem mesmo os nomes dos vencedores das principais categorias foram lidos rapidamente. E não foi para privilegiar o Tapete Vermelho ancorado por Fernanda Lima, já que Bom Dia Brasil e Jornal Hoje repercutiram os vencedores da premiação antes do programa especial.

Para o Rio, tudo diferente

São Paulo já tem a fama de rejeitar atrações distantes de seus domínios na TV. Quando não há jogos de futebol dos times paulistas, a Globo não hesita em colocar no ar filmes enquanto o resto do país confere as partidas. Mas apesar de derrubar a audiência na capital paulista, o principal mercado do país, o desfile do grupo especial carioca segue firme e forte no ar em rede nacional.

Para exibir a íntegra de todas as escolas ao vivo para o Rio e não derrubar a audiência de imediato fora da cidade maravilhosa, a solução encontrada é a montagem de um verdadeiro quebra-cabeças com a grade especial para o RJ. No domingo foi até “fácil”: simplesmente sacrificaram o Fantástico. Nessa segunda, com o horário nobre bem mais recheado, a solução foram antecipações desde cedo. O Jornal Nacional terminou no Rio 6 minutos antes de começar na rede. E o Big Brother Brasil teve uma edição mais curta até que as das quartas. Com isso, Império da Tijuca e Mocidade foram acompanhadas em tempo real pelos fluminenses. A Globo exibiu ambas na íntegra para rede após a sexta escola de cada dia desfilar (nesse tempo, o Rio via um compacto geral de todas as escolas) e ainda abriu a transmissão direto pela internet.

Nesta quarta, o Brasil inteiro finalmente ficará conectado simultaneamente e sem cortes na apuração das notas, que vai ao ar às 16h, logo após a exibição do amistoso entre Brasil e África do Sul.


Essa coluna foi publicada originalmente no NaTelinha

domingo, 2 de março de 2014

MonaLinda Perrone, o destaque que encantou na transmissão da folia paulistana

Monalisa Perrone não é exatamente uma novata quando falamos em Carnaval paulistano. Pelo contrário. A simpática jornalista que ganhou evidência nacional pelo lamentável episódio em que seu link foi invadido durante o Jornal Hoje (e originou a espantada reação “Que deselegante!” por parte de Sandra Annenberg) já frequentava a reportagem dos desfiles no Anhembi há muitos anos. Mas os poucos minutos no ar em metade das transmissões ainda não haviam feito jus ao talento da âncora eventual do SPTV.

Agora apresentadora da festa por toda a noite, Monalisa injetou gás numa cobertura que é naturalmente cansativa e se mostrou mais uma grata surpresa levada do jornalismo ao entretenimento (mesmo que temporariamente) pelo diretor Boninho, que já colocou Glenda Kozlowski no comando do Hipertensão e tem Tiago Leifert apresentando o The Voice Brasil.

Monalinda, como foi chamada por muitos nas redes sociais em uma corrente que chegou inclusive ao telão da emissora e foi lida por Chico Pinheiro, mudou o clima da folia com o seu estilo despojado e um tom mais conversado, se diferenciando da narração “de rádio” que foi feita por algumas de suas antecessoras, que também possuem muito talento, mas não para festa momesca.

Só que não foram somente os atributos jornalísticos da profissional que foram destacados na web. O internauta Tiago Pereira sugeriu que uma eventual escola Unidos da Monalisa Perrone tiraria somente notas 10. Brenno Henrique questionou “quando é que a Monalisa desfila?”. Esses posts não chegaram a entrar no ar, mas o estilo de leitura das mensagens que foram para tela mereceu menção de Thiago Cipriano, que classificou as falas como “sensacionais".



E foram mesmo. Se os tweets surgiam apenas como poluição visual nos tempos de outrora, dessa vez ganharam voz e foram integrados com o que era narrado no momento. Além de incentivarem a repercussão na rede, passaram a ter sentido no ar. Mais uma bela sacada.

Uma pena é que as notas dadas pelos internautas e que foram incorporadas para avaliação dos atletas nos jogos de futebol tenham sumido e dado lugar a um ineficiente torcedômetro, que mostrava o clima “pegando fogo” para praticamente todas as escolas.

E não foi só o público virtual que foi citado. A “co-irmã” SBT foi anunciada por Chico Pinheiro quando se mostrou uma alegoria do palhaço Bozo. O mesmo citaria também o Pânico ao elencar os trabalhos da carreira de Sabrina Sato.



Aliás, se conste que Chico não ficou devendo em nada para colega. Apenas não é nenhuma surpresa por já mostrar sua competência na agora finada Esquina do Samba há anos. O gaúcho que foi criado em Minas abriu largo espaço para seus causos e se emocionou junto com um garoto ao saudar a permanente renovação da maior festa popular do planeta.

Outra “veterana” que seguiu afinada foi a comentarista Paula Lima, que chegou a ser jurada do Ídolos na Record. Agora com ela e os outros comentaristas unidos aos apresentadores no mesmo estúdio, as observações pontuais foram feitas de forma mais coerente.



Destaca-se ainda que números, históricos e outros dados vazios e pré-produzidos cederam espaço para quase absoluta falta de roteiro. Analisando textualmente, muito do que se falou pode ser considerado irrelevante. Mas justamente essas irrelevâncias soavam interessantes ao público que acompanhava os desfiles ao vivo.

Em seus tradicionais postos, respectivamente no meio do povão e ao lado do relógio, os folclóricos Márcio Canuto e Maurício Kubrusly garantiram a dose de empolgação exacerbada. Ainda seguindo os desfiles de pertinho, os repórteres que mais se destacaram em suas inserções foram o sempre competente José Roberto Burnier, Michelle Barros, Phelipe Siani, Veruska Donato e Daiana Garbin.



Apesar do êxito, a transmissão também teve seus deslizes. Monalisa se enrolou ao pronunciar “hashtag” e o áudio chegou a vazar por alguns instantes enquanto deveria estar uma vinheta no ar. A revelação feita nesses segundos? Que o estúdio estava “geladíssimo”. Mas quem liga para isso quando o positivo saldo foi suficiente para esquentar o público de casa e reverter a tendência histórica de queda da audiência? A julgar pelos números e elogios, teremos mais Monalisa Perrone e Chico Pinheiro no Anhembi em 2015. Ainda bem!

Em tempo 1: Para os mais apressados, Monalisa anunciou ao final desse sábado que estará ao lado de Carlos Tramontina na terça para cobrir a apuração das notas.


Em tempo 2: O êxito da dupla “paulista” joga ainda mais expectativa para o badalado retorno de Fátima Bernardes ao Carnaval carioca em dobradinha com Luis Roberto. Ontem, a antiga apresentadora do Jornal Nacional voltou a surgir no JN em matéria de Pedro Bassan que apresentou as novidades do Rio. Será que elas terão o mesmo sucesso?

Essa coluna foi publicada originalmente no NaTelinha