Cercada de expectativa, a
grande aposta da programação diária do SBT em anos correspondeu ao que se
esperava dela. E até superou boa parte das previsões. O The Noite já é logo de
cara uma grata surpresa da emissora. Não que alguém ainda subestimasse o
talento de Danilo Gentili, que passou de repórter inexperiente para
apresentador da sensação do início de madrugada na TV brasileira e inaugurou
uma bem sucedida experiência de talk shows na Band, tanto que o canal resolveu
manter no ar o Agora é Tarde mesmo após a saída de boa parte da equipe que o
criou.
Aliás, é pelo menos covardia
comparar o novo programa de Gentili com o anterior, agora comandado por Rafinha
Bastos. A nova estrela do SBT não apenas se supera com folga, mas também deixa
para trás seu sócio em um bar em São Paulo, porém agora concorrente direto pela
audiência. Enquanto o programa que está há dois anos no ar praticamente
retornou até a estaca zero na busca de uma linha editorial, a estreia deu a
impressão de ser uma atração veterana em nosso convívio, tendo em vista seu
excelente ritmo.
Absolutamente tudo funcionou
nesse primeiro programa. De detalhes técnicos ao belo e grandioso cenário, que
realmente poderia ser aproveitado por qualquer entrevistador estadunidense.
Nível altíssimo para o padrão que nos acostumamos a conferir no conteúdo
oriundo do centro de televisão da Anhanguera.
Os acertos que vinham desde
a chamadas se acumularam desde o primeiro instante da atração, que mostrou o
elenco interagindo a partir do Máquina da Fama com diversas outras atrações do
SBT. O comecinho do The Noite conseguiu boas sacadas ao mostrar Gentili
resgatando seu elenco por programas consagrados da casa. De Murilo Couto
caracterizado como uma chiquitita até a busca também no banco da praça do
Carlos Alberto de Nóbrega, os primeiros instantes já foram suficientes para
ganhar o telespectador mais desconfiado, que ainda foi brindado com o sempre
afiado monólogo de Gentili. Ou seja, destaque para o talk show do SBT
justamente em um dos pontos mais fracos do similar da Band.
E o melhor: Danilo se
apresentou para o novo público, mas sem se limitar ao enrolar muito girando em
torno de si mesmo ou do formato. O apresentador mostrou sua habilidade na
prática. E até mesmo os quadros que brincaram com o fato desse ser o primeiro
dia demonstraram isso. Ao admitir que enganou jornalistas ao “deixar vazar” a
possibilidade do programa se chamar Jô Soares Onze e Meia com Danilo Gentili,
o apresentador convocou uma lista de outros nomes que teriam sido pensados para
batizar o programa. Ao acertar dois alvos numa tacada só, Agora é Jequitarde certamente seria o melhor deles. E se a Jequiti ganhou essa menção, a Tele Sena
recheou o único break do dia. Nada mais SBT, certo? Afinal, até as novelas
mexicanas ganharam espaço com a divertida alfinetada do método de atuação de
Fábio Porchat, o convidado do dia. Em retaliação, Léo Lins e Murilo Couto
também riram de repetições cometidas por Danilo, principalmente ao “ofender”
membros da equipe.
Outro ícone do SBT apareceu
justamente em outro momento em que Jô, o maior expoente do estilo de programa
no Brasil, também foi citado. Ao chegar e dar de cara com um empoeirado cenário
que foi do agora global, Ivo Holanda revelou que aquilo não passava de uma
pegadinha.
Ao se deparar com o
verdadeiro espaço novo, também vieram novas indiretas. Ele exaltou que o
estúdio não era “reciclado”, diferentemente do seu na Band, que apenas foi
renovado com toques de madeira na troca de temporada e ainda hoje segue quase
idêntico.
Para justificar a ausência
de Marcelo Mansfield, o bom humor entrou em cena novamente. Numa esquete,
Marcos Oliver foi insinuado como amante do humorista no Retiro dos Artistas. E
o substituto de Mansfield, Diguinho Coruja, talvez único ponto do programa que
ainda possa levantar dúvidas, foi apresentado ao público já com relativo
destaque.
O show já estava armado, mas
o “talk” que justifica o formato também não ficou devendo. Talvez por ser uma
figura global, Fábio Porchat acabou ganhando o estigma de que seria cheio de
limitações na conversa. Bobeira. Ele brincou, adiantou novidades inéditas da
carreira e riu de seu próprio passado, que apesar de não ser coisa de cinema, o
condena. Uma boa entrevista em que ambos ficaram livres e também deixaram o
público confortável diante da telinha.
Mas apesar de somente um
nome ter estreado o novo sofá, várias celebridades deixaram a sua marca nesse
começo de The Noite. E sem aquelas mensagens óbvias de boas vindas ou com
espaço simplesmente por serem relevantes. Os famosos também entraram na
brincadeira. Eliana dançou no palco, Gominho serviu de apoio e Palmirinha se
tornou uma instrutora de artes marciais, por exemplo.
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