domingo, 19 de junho de 2011

Desespero faz Record ressuscitar lado trash

@lucasfelix

Desde 2004 que a Record anuncia por todos os lados que está no caminho da liderança. Fez investimentos, contratações e adotou um padrão de qualidade similar ao da Globo. Lentamente, o caminho vinha dando certo. Mas a direção da emissora tem pressa. Para quê um projeto de longo prazo se sangue dá audiência fácil? Assim, boa parte da grade é infectada por programas de apelo popular, no mau sentido da palavra.

Logo cedo, o Balanço Geral de Geraldo Luís que chegava a bater a Globo com matérias sobre amenidades e curiosidades comandadas pelo próprio apresentador, se tornou em mais um espaço para mostrar a violência. Na sequência, o SP no Ar faz a mesma coisa em estúdio diferente. Links ao vivo para mostrar acidentes, os assassinatos da noite passada... Não que esse tipo de informação não seja necessário, mas são 1h30 só no início da manhã.

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Record Notícias: matérias que passaram horas antes são completamente requentadas

Fala Brasil e Hoje em Dia dão uma quebrada no clima trash que volta com força total no Record Notícias. Durante 2h30, Adriana Reid e seu fiel papagaio escudeiro Percival de Souza voltam a mostrar as principais tragédias e crimes do dia, muitas vezes com reprises de conteúdo já apresentado em outros telejornais. Por falar em reprises, na sequência do Record Notícias vem o Tudo a Ver. Formato que emplacou durante um bom tempo nas tardes da emissora em sua versão original com Paulo Henrique Amorim e Janine Borba que se tornou um Vale a Pena Ver de Novo. Passando por matérias sobre bichos e vídeos da internet, tudo é reciclagem de outras atrações da casa. A partir dessa segunda, todo esse time ganha o reforço do Cidade Alerta. Em quê consiste o Cidade Alerta? Datena gritando contra as autoridades e o Comandante Hamilton mostrando perseguições, acidentes e enchentes. Essa é a grande aposta da emissora que pretende ser a líder do Ibope dentro de poucos anos para alavancar seu horário nobre.

Enquanto amplia o que dá errado (sim, além de serem produtos de péssimo gosto, a maioria dos citados anteriormente trava uma disputa pesada com o SBT pela vice-liderança. Ou seja, nem se pode afirmar que estão no ar por audiência. Apenas por acomodação do canal), a Record muda produtos que estavam dando certo. Caso do Praça Record que ia ao ar após Rebelde. Com Reinaldo Gottino em SP e Luiz Bacci no RJ, o Praça mesclava as pautas pesadas com as mais light e por muitas vezes era a maior audiência da Record no dia. Agora, a emissora o coloca em disputa direta com o Praça TV da Globo e o Brasil Urgente da Band. Alguma chance dos altos picos se repetirem num duelo direto com atrações tão similares?

De forma alguma quero questionar o louvável fato da emissora dedicar várias horas da sua grade ao jornalismo. O que questiono é a forma de condução desse jornalismo. Em casos de repercussão, como o assassinato da pequena Isabella Nardoni ou o sequestro de Eloá Pimentel, é necessário que se mantenha por horas no ar ao vivo; até mesmo com as repetições. Bem diferente é mostrar fatos aleatoriamente num loop infinito onde o precioso tempo da segunda maior rede do Brasil poderia estar sendo aproveitado de maneira melhor. A pressa é a inimiga da perfeição, mas parece que os bispos nunca ouviram esse ditado...

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