segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O que faz uma boa argumentação?

Nem todas as perguntas possuem respostas exatas. E nem deveriam ter. Afinal, as ciências humanas estão aí justamente para investigação dessas questões, utilizando fortemente elementos da retórica em suas argumentações. Até mesmo Descartes, que buscava mostrar uma verdade absoluta, precisava de elementos da retórica para convencer aos outros sobre isso.

É preciso constar que a força de uma argumentação varia de acordo com o ambiente. Um pastor certamente terá mais êxito ao fazer sua pregação durante o culto, por exemplo. Essa lógica da aceitação do auditório acaba suprimindo logos, em detrimento de ethos e pathos. E a plateia sempre vai influir, mesmo que de forma contrária. Não há como esperar por um auditório absolutamente imparcial.

Também há diferenças de linguagem entre uma mera demonstração, que pode utilizar termos universais da Física ou da álgebra, diante da argumentação, que tende a fazer uso de elementos que fazem sentido apenas para quem interessa. Diferenças ainda existem diante da própria argumentação, já que a versão oral dela tende a permitir um impacto maior do que a escrita, naturalmente mais padronizada.

Claro, também faz toda a diferença saber quem argumenta. Um diagnóstico de uma doença certamente será mais aceito se vindo de um médico, assim como um jornalista possui mais credibilidade para transmitir uma notícia, sendo esse um importante elemento para verossimilhança que tende a conquistar o auditório.

Mas, afinal, o que será uma boa argumentação? A mais honesta ou a mais convincente? Afinal, as duas nem sempre estão juntas. E os embates entre promotores e advogados em diversos julgamentos provam que pelo menos um dos lados mente ao tentar seduzir o júri.

Esses pensamentos sobre argumentação vem desde a época dos sofistas, que polemizam até hoje com seus entimemas, que quebram a lógica do silogismo ao tentarem a dedução do que não é dedutível por uma regra.

E polêmicas do tipo seguem absolutamente atuais e presentes em nossas vidas, do juiz ao filósofo, passando até pelo matemático que precisa demonstrar a aplicação da regra para um terceiro até então leigo.

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