sábado, 20 de outubro de 2012

A novela que congelou o Brasil

Os congelamentos ao final de cada capítulo de Avenida Brasil eram o auge da tensão proporcionada pela novela. Antecedidos por uma trilha que indicava quando o momento se aproximava, o efeito proporcionou cenas que entram para história da dramaturgia brasileira. Assim como o folhetim em si também garante seu espaço entre os que serão lembrados com um carinho todo especial do público no futuro. Avenida Brasil resgatou o hábito de congelar o telespectador diante da TV, feito que se tornou raro na última década.


Herdando o horário da super popular Fina Estampa, a trama sofreu certa rejeição inicial do telespectador mais conservador. Fuga compensada pelo público que não tem o hábito de acompanhar a faixa, mas abriu uma exceção para Avenida. Dentre esse público, jovens acostumados com o ritmo frenético das séries estadunidenses que conseguiu ser adaptado com êxito ao formato de exibição diária por João Emanuel Carneiro e homens, que muitas vezes usaram o fictício Divino Futebol Clube como desculpa para acompanharem a saga de Nina e Carminha.

Do abandono de Rita ao abraço das rivais, foram 179 capítulos e muitas viradas. Grandes viradas, como quando Nina humilhou Carminha por dias seguidos enquanto a então esposa de Tufão ainda enganava sua família ou pequenos ganchos ao final de cada bloco.

Ganchos tão convincentes que deixavam o público na ânsia de não perder absolutamente nenhum instante da novela, para tristeza das concorrentes Record e SBT, que ficavam com 20 vezes menos audiência que a Globo. Isso com São Paulo sendo a pior performance de Avenida Brasil dentre as principais cidades do país. Ao longo do Painel Nacional de Televisão, praças como Florianópolis e Salvador renderam números muito maiores, algo similar ao já ocorrido com Cheias de Charme e Cordel Encantado, por exemplo.

Classe C

Fatia do público tão desejada pelas emissoras, a classe C foi acertada em cheio por Avenida Brasil. O trunfo ficou em fisgar essa nova classe média, porém sem esquecer das demais camadas. Ou seja, uma novela sobre classe C, mas não somente para classe C. E deu certo.

O fictício bairro do Divino representa bem o novo contexto da sociedade brasileira. Personagens caricatos, mas absolutamente verossímeis deram o tom do que acompanhamos nos últimos meses. Tão verossímeis que acabaram virando sinônimos de termos do nosso cotidiano. Não é difícil ver alguém chamando um corno de Tufão ou uma periguete de Suellen.

Soma de fatores

O roteiro ágil e convincente sozinho não seria suficiente para o sucesso de Avenida Brasil, porém ele se casou perfeitamente com direção e elenco. Alguém consegue citar um nome que tenha comprometido a trama?

A qualidade até mesmo de atores sem tanta experiência foi tão surpreendente que muitos personagens acabaram ganhando espaço no folhetim além do que era previsto. Casos de Zezé, Adauto e Janaína, por exemplo.

A consagração


Em um elenco com tantos bons nomes, conseguir luz própria se torna um feito digno de aplausos. Aplausos que vão para Adriana Esteves, a intérprete de uma inesquecível Carminha. Não tão louca quando Nazaré Tedesco, não tão psicopata como Flora... Carmen Lúcia era simplesmente uma mulher que queria se dar bem na vida e se via diante de diversos dilemas. Uma confusão de sentimentos que foi muito bem representada por Esteves, que acabou trazendo o amor do público. Tanto é que a vilã não se deu tão mal assim, sendo inclusive perdoada por aquela que tentou a destruir durante os 178 capítulos anteriores.

A revelação

Débora Falabella fez uma excelente Nina, mas quem conseguiu a afeição do Brasil para ver foi Mel Maia, intérprete da Rita. Em seu primeiro trabalho na televisão, a atriz conseguiu cativar quem acompanhava Avenida Brasil. Todo esse talento fez com que ela já esteja reservada para o elenco de O Pequeno Buda.

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