O fim de uma era

O principal telejornal do Brasil se tornou a principal notícia do Brasil. Mesmo que apenas profissionalmente, foi desfeito o mais famoso casal da televisão brasileira. Depois de alterações recentes no Globo Esporte, SPTV, DFTV e Bom Dia Brasil, foi a vez do Jornal Nacional ter sua dupla de apresentadores alterada. Algo praticamente impensável até dias atrás. O lógico é que assim como acontecia nas folgas e férias, William Bonner e Fátima Bernardes só fossem sair definitivamente do JN juntos. Mas nem tudo é lógico.

 

Em coletiva feita em um hotel do Rio de Janeiro na quinta, Fátima explicou que já trazia o projeto de um novo programa há alguns anos, mas que entregou o projeto escrito somente em abril. A partir daí, a nova atração que conta com nomes como Guel Arraes e Cláudio Manoel em sua formatação, teve o OK dado direção global para entrar na grade de programação do canal em 2012. Depois, obviamente, o próximo passo foi a escolha da sucessora. Mais uma etapa em que a lógica não deu certo. Antes da escolha como sucessora definitiva de Fátima, Patrícia Poeta jamais havia sido apresentadora do Jornal Nacional. Os nomes de Renata Vasconcellos e Ana Paula Araújo sempre foram especulados como os mais prováveis para o posto. Elas são as participantes femininas mais presentes no rodízio.


O novo programa de Fátima

 

Os detalhes ainda são raros sobre qual será a nova atração comandada por Fátima Bernardes. Por enquanto, se tem apenas a confirmação de que o projeto será apresentado na faixa matutina. Em comunicado divulgado hoje, a Globo confirmou que a edição diária da TV Globinho sai do ar em 2012 e o infantil que vinha tendo audiência instável e baixo faturamento ficará restrito aos sábados. Segundo a Forbes, existe a tentativa da Globo criar uma Oprah brasileira.

O Fantástico

Em meio a todo o troca-troca, o Fantástico vai passar quase imune pelas mudanças. Agora respirando melhor após meses de uma disputa mais pesada com o Domingo Espetacular e o Pânico na TV, o dominical passa a ter a apresentação fixa de Renata Ceribelli. Renata já o comandava eventualmente há diversos anos. Zeca Camargo e Tadeu Schmidt também seguem normalmente.


A despedida

 

Anunciada dentro do próprio JN nas edições de quinta e sábado, a troca mereceu 15 minutos de atenção e emoção. Dentro do esforço da Globo para humanizar seu jornalismo, a histórica mudança foi tratada como merecia.

Entre vários detalhes épicos, a recepção de Patrícia, que resolveu fazer jus ao seu sobrenome. Após ter sua carreira relembrada em reportagem narrada por Bonner, foi a vez da própria se definir. Tudo bem que o vídeo foi gravado para o Fantástico em 2008, quando Patrícia nem devia imaginar o que aconteceria 3 anos depois, mas não dá para negar que a exibição do trocadilho foi uma boa sacada. "Jornalista da TV todo domingo ao lado do Zeca. Meio tímida, às vezes quieta. Mãe, filha e neta. Não é de fazer poesia, mas tem orgulho do nome. Muito prazer, Patrícia Poeta".

Com VTs exaltando a trajetória de ambas e clichês que se adaptavam ao momento, a emocionante ocasião conseguiu seu lugar na história do Jornal Nacional. O verdadeiro fim de um era. Mas e agora? Mesmo com a internet e a concorrência forte, sempre nos acostumamos a ver as principais notícias ditas por William e Fátima. O formato pode não ser alterado, mas a essência certamente vai ficar diferente. Como não lembrar da fofura do "Onde está você, Fátima Bernardes?" nas Copas do Mundo? Enfim, é torcer para que Patrícia siga se superando e prove que mereceu o novo posto no "telejornal da família brasileira que há 42 anos lidera a audiência". Competência para isso, certamente essa bela gaúcha tem.