@lucasfelix
As tramas de Walcyr Carrasco sempre dão a sensação de mais do mesmo. É óbvio que não dá para cobrar textos e histórias completamente inéditos após mais de 30 anos contínuos de produção de telenovelas no Brasil, mas Walcyr chega a exagerar nas repetições. Assistir uma novela dele dá a sensação constante de ver uma reprise em forma de trama inédita. Essa prática se tornou visível quando Alma Gêmea e Caras & Bocas ficaram no ar simultanamente. A princípio, os títulos podem parecer sem nenhuma ligação, mas alguns fatores eram abordados de forma idêntica. Em alguns casos, isso dá bons resultados. Indo ao ar 4 anos depois e em horário diferente de Alma Gêmea, Caras & Bocas foi o maior sucesso recente da faixa das 19h global. Sucesso que nem de longe Morde & Assopra aparenta repetir. Após Morde & Assopra, é provável que Walcyr seja promovido a autor do primeiro escalão (novela das 9) da Globo. Não pela trama em si, mas pelo crédito que possui.
Fossem só os vícios do autor, a situação de Morde & Assopra ainda estaria em ótima situação. Diferentemente das outras tramas, ela não escolheu uma vertente para seguir. Drama e comédia são misturados numa receita que geralmente funciona apenas na faixa das 21h.
As inovações também não funcionam. Dinossauros e robôs (aliás, era esse o título provisório da novela) tiveram uma grande rejeição do público. O contraste entre o mundo tecnológico e rural em suas faces extremas também não agradou. As vezes, optar pelo água com açúcar funcionaria bem mais do que apresentar novidades espetaculares e pirotécnicas.
O elenco não apresenta grandes destaques. Adriana Esteves, Flávia Alessandra e Mateus Solano fazem boas atuações, mas ficam devendo em relação a trabalhos anteriores. Colocada para ser a melhor amiga de uma vaca, Klara Castanho passa longe de repetir seus melhores momentos em Viver a Vida. Ary Fontoura é novamente desperdiçado em um papel repetitivo. Cássia Kiss e Vanessa Giácomo são as únicas que demonstram estar acima da média.
Na audiência, as chances de reação ainda são grandes. A Globo já anunciou que será formado um triângulo amoroso envolvendo o casal principal (Abner e Júlia) e que o núcleo robô será praticamente extinto (a androide Naomi só retorna no final da novela). Mesmo com uma guinada a patir de agora, é difícil que repita os bons resultados da antecessora Tititi, como também é improvável que vá tão mal quanto Tempos Modernos ou Três Irmãs. Resultados medianos para uma trama igualmente mediana.
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